16.2.12

Back To Life

O tempo tem passado muito depressa, demasiado para fazer, coisas novas para descobrir. Estou aqui há menos de 3 semanas e já me parecem meses.

Queria escrever um pouco sobre o processo de vir para cá trabalhar, embora isto seja apenas a minha percepção e possa haver informação mais correcta noutros locais. No meio da confusão toda o que me parece mais fácil é mesmo conseguir emprego. A Suíça não faz parte da União Europeia, logo para se trabalhar cá é necessário obter um permit de trabalho.

Para obter este permit é necessário ir à comuna do cantão onde se reside com o contrato de trabalho, fotografias tipo passe, cartão do cidadão ou passaporte, cédula pessoal e uma declaração do tribunal com o cadastro. Com estes documentos é quase sempre concedido o permit, que pode demorar até 30 dias a chegar e que custa 90 francos (mas acho que o preço varia). Existem três tipos: o C, o B e o L. O C é melhor, é o que equivale a ser suíço, o B é para contratos de tempo indeterminado e penso que tem uma duração de 5 anos e o L que tem a validade de 6 meses e que não permite fazer muitas das coisas que se podem fazer com os outros 2.

De seguida abri uma conta no banco. Foi muito fácil, basta levar o passaporte, eu levei o contrato de trabalho também, embora ache que não era necessário e já está. Não precisei de depositar dinheiro nenhum, nem de dar prova de morada.

Outra burocracia importante a tratar são os seguros que são obrigatórios. Tive de comprar um seguro de saúde que custa cerca de 250 francos mensais, um seguro de responsabilidade civil (sim, a sério) e um seguro que cobre danos feitos no recheio da casa, que custam cerca de 180 francos por ano.

Dito assim até parece simples e no meu caso até foi porque tenho tido a ajuda preciosa de pessoas fantásticas que me levaram directamente aos sítios certos me ajudaram com o francês. O que me me leva a dizer que o melhor conselho que posso dar a alguém que queira vir para cá é: aprender bem francês.

Eu fiz um curso intensivo na alliance française, mas não foi o suficiente. Quanto mais estudarem em casa, menos dificuldades vão ter por cá. Eu continuo um bocado às aranhas, embora ouvir todos os dias ajude. E fiquem cientes que aqui quase ninguém fala inglês de bom grado. Já tive de falar inglês uma vez ou duas e sinto-me mal sempre que tenho de o fazer.

Posso também dizer que o meu trabalho tem boas condições, o ordenado é certamente atraente, mas os custos de cá viver são consideráveis. É difícil pagar menos de 40 francos num restaurante.

E agora a parte interessante, arranjar casa é um pesadelo. As rendas normalmente ficam por um terço do ordenado, nada mau. Em londres as rendas são muito caras, mas existem milhares de casas, aqui as rendas são acessíveis, mas é preciso ter muita sorte ou uma grande cunha para conseguir alugar uma casa. Para começar, só se pode alugar uma casa com o permit de trabalho (que pode demorar até 30 dias) e a grande maioria das casas exige 3 recibos de ordenado e 3 meses de caução. O que significa que na maior parte dos casos só é possível alugar uma casa no quarto mês, um T1 que custe 1500 francos por mês vai ter investimento inicial de 6000 francos (1ª renda e caução), mais o preço de mobilar a casa. Até lá as opções passam por alugar um quarto, ficar num hotel ou ficar em casa de amigos. E o processo de aluguer é estranhíssimo, as pessoas que estão na casa e vão sair encarregam-se das visitas, e a agência imobiliária trata do processo. Quando há pessoas interessadas na casa, estas têm de preparar um dossier para entregar na imobiliária e vai ser avaliado. Há tantas pessoas a procurar e tão poucas casas que as agências se dão ao luxo de mandar pessoas embora.

A conclusão é que os primeiros meses são muito duros. Em termos de adaptação, em termos de língua, burocracias e em termos de custos. Estar cá com o dinheiro de Portugal não é nada fácil, mas tudo deve melhorar a partir do momento em que se recebe o primeiro ordenado.

Outras curiosidades que me saltaram a vista são o facto de nas moradas não escrever o andar, nem o apartamento, escreve-se o nome da pessoa e o carteiro procura quando chega. Toda a gente tem Iphone, toda a gente mesmo. A comida é fantástica, ando perdida com os queijos e os chocolates.

1 comentário:

Eugénio disse...

Li este post com muito interesse! Gosto de saber sobre as particularidades de cada país na perspectiva de um emigrante.