Neve
Andam por ai muitos relatos de neve e frio.
Eu continuo presa em Malta, no entanto estão 20 graus todos os dias.
Andam por ai muitos relatos de neve e frio.
Eu continuo presa em Malta, no entanto estão 20 graus todos os dias.
Mononoke 2 graus para oeste
O módulo 2 em Malta está a dar cabo de mim. Aulas todos os dias das 9 às 6, seguidos de estudo para o dia seguinte, seguidos de reuniões de grupo que deixariam qualquer um doido. Turismo = 0.
Mononoke 1 graus para oeste
A Luna sabe o que diz. Já pensei em escrever sobre isto, mas desta vez vou pedir as palavras emprestadas.
"Começar do zero
Poucas pessoas sabem o que é começar do zero. Chegar a um aeroporto do outro lado do mundo, apenas com duas malas, e ir até um hostel onde se ficará alojado até se arranjar algo permanente. Depois começa a busca, as visitas às casas, a comparação de preços, o estudar das áreas, até se encontrar algo de que se goste e se possa pagar. Alugar uma casa, chamar um táxi para nos levar mais as malas, receber a chave, deixar a bagagem na casa completamente vazia, e imediatamente seguir até ao rent-a-car, ou melhor, carrinha. Pegar nela e ir até ao IKEA para comprar o mínimo indispensável para se poder dormir em casa nesse dia, porque nem um colchão existe. Depois é construir uma casa aos poucos, que se irá vender por um terço do que se pagou, uns meses depois, a pessoas que chegam e têm uma casa pronta à espera, que não sabem o que é o chegar sem nada, o trabalho que dá, e ainda regateiam preços depois de lá viverem à borla durante três semanas. E mudar de país e fazer tudo de novo. Voltar a uma situação temporária, voltar a arranjar casa, voltar a ter de comprar o mínimo indispensável, porque nos temos de mudar já, e não é possível esperar pela situação ideal. E mudar outra vez.
Sempre que falo com amigos que adiam a mudança porque ainda não têm cortinas, ou outras coisas secundárias, demorando-se em casa dos pais, penso sempre que a necessidade realmente faz o engenho, e que ter apoio, o conforto de não precisar, nos faz preguiçosos, acomodados, inactivos. Nunca precisaram de se mudar para uma casa num dia por não ter outro lado onde dormir. E olho para mim antes e depois de sair de Portugal, e noto uma diferença enorme. Toda a gente devia ter de sair da zona de conforto e ter de se desenrascar, pelo menos uma vez na vida. Torna-nos muito mais activos. E independentes. E eficientes. E capazes. Basta precisarmos."
Mononoke 3 graus para oeste
Os dias passam a correr e eu não saio de casa desde domingo. Ler e escrever, ler e escrever tem sido a minha rotina diária.
E assim que entregar a essay faço as malas e rumo a Malta 2 semanas para o segundo módulo do mestrado.
Caramba, mal posso esperar pelo Natal.
Mononoke 2 graus para oeste
Afinal não são só as uvas, as tangerinas também não têm caroços.
Mononoke 1 graus para oeste
Não gostam de ler livros, mas andam com a porcaria dos Kindles e dos Ipads no metro. E o que mais me enerva é que aquela porcaria imita as páginas dos livros.
Mononoke 3 graus para oeste
Tenho de estudar e estou na biblioteca a olhar para a chuva.
Mononoke 4 graus para oeste
Muito antigamente (2003, 2004, quem sabe?) eu costumava escrever e por razões parvas acabei por apagar tudo, no entanto houve uns quantos textos que sobreviveram, graças a um amigo meu que se lembrou de os guardar. Recebi isto por email hoje e fiquei espantada comigo mesma, porque na altura eu tinha realmente paciência para escrever. Este é um dos meus preferidos.
Perfeição suprema, que só existe na imaginação
Vamos andar de barco, vamos conhecer o alentejo, vamos visitar o gerês e as praias do sul de espanha. Quero andar de comboio contigo, quero andar de autocarro, quero deitar a minha cabeça no teu colo e olhar para ti enquanto me contas os teus planos, os teus sonhos, as tuas ideias mais ousadas e aventureiras. Vamos perder-nos durante 3 dias numa aldeia escondida e não vamos telefonar a ninguém. Vamos estar só os dois e as máquinas fotográficas e os lápis e os blocos de papel. Vamos criar arte, vamos ser a arte um do outro. Vamos fazer planos para o futuro e pensar no presente, vamos passear pelo campo dourado pelo sol e deitar os telemoveis fora. Vou escrever-te bilhetes e esconder-tos na mochila, nas calças, no casaco. Vou comprar-te um livro e escrever uma dedicatória enquando cozinhas um dos teus pratos para mim. Sempre achei terrivelmente querida a ideia de ter alguém a cozinhar para mim por puro prazer. Vamos procurar poesia e frases bonitas e dedicar um ao outro, vamos passar noites a olhar para o céu à procura de estrelas cadentes, vamos para a praia à noite e tomar banho só com luz da lua. Vou pintar o teu retrato a pastel de óleo, com roxos e azuis e verdes pelo meio. Vais dizer-me que sou bonita, porque sabes que gosto de ouvir, apesar de não acreditar. Vou gravar a tua voz na minha memória enquanto sussurras ao meu ouvido. Vou ouvir vezes sem conta a música que me lembra de ti e esperar que também te lembres de mim quando a ouves. Vamos sair de carro por ai e conhecer sítios escondidos do algarve e sítios que conhecemos tão bem, vamos passear pelas cidades, pelas ruas, pelos bairros e vamo-nos sentar ao pé do rio a conversar. Vamos comer ao indiano, vamos comer ao italiano, vamos comer ao chinês, vamos comer ao nepalês, vamos comer a ferragudo. Vamos passear pela baixa de mão dada, de braço dado, de corações dados. Vamos ouvir concertos diferentes, de bandas que gostamos e de bandas que não conhecemos. Vamos escrever cartas um ao outro e envia-las pelo correio, com selo e tudo para ser mais a sério. Vamos sonhar e ter saudades. Vou ver-te a dormir, vou observar-te e vou gravar tudo. Vamo-nos levantar às 7 da manhã para passear e aproveitar o dia. Vamos comer um gelado de chocolate ou de iogurt. E eu vou acordar.
Mononoke 4 graus para oeste