Agosto passou a correr. Praia, passeios, saídas.
Setembro chega amanhã e com ele estarei de volta a London. O mestrado começa no fim do mês. Todas as pessoas que me encontram perguntam as mesmas duas coisas: Quando vais? E onde vais viver?
A primeira tem resposta, a segunda não.
Vou e logo se vê.
Custa um bocado precisar de ir supermercado da esquina comprar comida e saber que vamos demorar o equivalente a uma viagem do Algarve a Lisboa.
Há mesmo necessidade das pessoas que estão de férias levarem a família inteirinha cada vez que vão ao supermercado?
Que as pessoas deixem lixo na praia onde vão todos os dias. Gente estúpida.
Este calor está a dar cabo de mim, já começo a desesperar e eu adoro calor. Custa dormir, custa estar em casa, custa sair de casa durante o dia e já dei por mim a suar na rua à noite.
Este é o primeiro Verão da minha vida em que me lembro de sair de casa todas as noites e nunca levar casaco.
Tenho algumas saudades de abrir uma torneira e não me sentir super culpada por estar a gastar água.
Só tenho duas coisas a dizer.
A Naíma parece um zombie, é mesmo muito má apresentadora.
E segundo, ver aquele homem, director do curso de moda da faculdade de arquitectura, falar dá-me nojo. O discurso dele é igualzinho ao de todos os professores de projecto daquela faculdade. Pessoas que se acham seres superiores e que falam com os alunos como se eles fossem idiotas.
Não tenho o nome certo, não conheço políticos, não tenho ninguém importante na família. Oiço diariamente as histórias dos filhos, primos, netos dos presidentes das câmaras vizinhas e de pessoas com algum dinheiro (muitas delas sem os cursos acabados) que arranjaram do nada um super emprego em empresas públicas. Vejo esta cidade ser governada por dinastias de famílias que vão passando os cargos de pais para filhos, na câmara, nas empresas municipais, nos concursos públicos, etc, etc. Há 2 tipos de pessoas que se safam aqui: os que nasceram na família certa por influência e os que nasceram na família certa por dinheiro. Eu não nasci em nenhuma das duas portanto ou me resigno a ter um emprego de bosta ou faço a minha sorte. Não sei para onde me hei-de virar. Nada parece valer a pena, a corrupção essa já é eterna.
